Principal financiador privado de candidatos na eleição de 2014, o grupo JBS ajudou a eleger dezenas de políticos mineiros. Entre os documentos que os delatores da JBS entregaram à Procuradoria-Geral da República (PGR), está uma lista de deputados eleitos em 2014 que teriam sido beneficiados por doações do grupo empresarial. Nela, há 166 nomes — 32% do universo de 513 parlamentos eleitos. O levantamento foi realizado e divulgado pelo site Congresso em Foco.

Dos 53 deputados mineiros em Brasília, 25 teriam recebido doações do grupo, responsável pela delação-bomba que abalou o governo Temer.

Além dos deputados, foram citados pela JBS o governador Fernando Pimentel (PT), além dos senadores Antonio Anastasia e Aécio Neves, ambos do PSDB. Aécio, inclusive, é quem teria recebido a contribuição mais significativa: R$ 30,4 milhões.

Em nota, o PT, partido do governador Fernando Pimentel informou que todos os recursos recebidos em campanha foram declarados à Justiça Eleitoral.

Já as assessorias dos senadores Aécio Neves e Antonio Anastasia também afirmam que as doações foram feitas de acordo com a lei.

Valores que teriam sido repassados pela JBS:

Fernando Pimentel (PT) - R$ 5,98 milhões
Aécio Neves (PSDB) - R$ 30,4 milhões
Antonio Anastasia (PSDB) R$ 3,9 milhões

Deputados

Adelmo Caneiro Leão (PT) - R$ 15,3 mil
Ademir Camilo (PROS) - R$ 98 mil
Aelton Freitas (PR) - R$ 700 mil
Bilac Pinto (PR) - R$ 300 mil
Diego Andrade (PSD) – Não informou os valores
Dimas Fabiano (PP) - R$ 900 mil
Eduardo Barbosa (PSDB) - R$ 84
Gabriel Guimarães (PT) - R$ 28,9 mil
George Hilton (PRB) - 13 mil
Jô Moraes (PCdoB) - R$ 13 mil
Mário Heringer (PDT) - R$ 210
Laudívio Carvalho (PMDB) - R$ 11 mil
Lincoln Portela - (PR) - R$ 1,5 milhão
Luis Tibé (PTdoB) - R$ 526,4 mil
Luiz Fernando Faria (PP) - R$ 1 milhão
Patrus Ananias (PT) - R$ 91,5 mil
Reginaldo Lopes (PT) - R$ 392,9 mil
Renato Andrade (PP) - 630 mil
Renzo Braz (PP) - 600 mil
Rodrigo de Castro (PSDB) - R$ 10,9 mil
Saraiva Felipe (PMDB) - R$ 6,7 mi
Stefano Aguiar (PSDB) - R$ 120 mil
Toninho Pinheiro (PP) - R$ 500 mil
Weliton Prado (PMB) R$ 102,1 mil
Zé Silva (SD) - R$ 100 mil

A Itatiaia entrou em contato com as assessorias de imprensa de todos os citados. Abaixo, os posicionamentos enviados à reportagem até o momento:

Aelton Freitas: o deputado afirma ter recebido da direção nacional do PR, na campanha de 2014, R$ 700 mil da JBS oficialmente declarados no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Segundo ele, o vídeo no qual o diretor da JBS Ricardo Saud cita o nome do parlamentar e fala que foi entregue a um ex-funcionário do político R$ 200 mil "não condiz com a realidade".

Jô Moraes: a deputada afirma ter recebido do Comitê Financeiro Único da Campanha Majoritária do PT as seguintes doações: R$ 483,33, R$ 483,33, R$ 8.863,50, R$ 2.799,00 e R$ 725,00.

Gabriel Guimarães: "Todas as doações para a minha campanha foram contabilizadas, conforme prestação de contas aprovadas pelo TRE.  Não procede a informação de que recebi caixa 2 de campanha e sou o maior interessado no esclarecimento desses fatos!"

Luis Tibé: "A citação faz referência a uma doação oficial (declarada na prestação de contas ao TSE), indicada pela campanha Presidencial da qual o PTdoB fazia parte da coligação."

Patrus Ananias: "A contribuição foi recebida da direção estadual do PT e está declarada na prestação de contas da Justiça Eleitoral."

Reginaldo Lopes: "Todas as doações recebidas durante a campanha eleitoral de 2014 foram legais e aprovadas pela Justiça Eleitoral. A doação mencionada é proveniente do diretório nacional do Partido dos Trabalhadores e não do grupo JBS, não tendo cabimento a responsabilização deste parlamentar por doações feitas pelo grupo nominado acima, de forma originária ao partido."

Renzo Braz: "Quero deixar claro para a população que NÃO recebi doação da JBS. Eu recebi doações do Diretório Nacional do Partido Progressista (PP). Durante a campanha eleitoral de 2014, o PP, no qual sou filiado, recebeu doações de diversos grupos empresariais brasileiros, incluindo a JBS. Portanto, o partido é que precisa responder sobre essas doações." Segundo o parlamentar, esses repasses foram declarados na prestação de contas da campanha e do partido.

Stefano Aguiar: o deputado afirma que a doação foi proveniente do PSB, "seguindo todas as regras eleitorais vigentes de forma legal, conforme apresentada em sua prestação de contas que foi aprovada por todas as instâncias competentes da Justiça Eleitoral." Segundo o deputado, "não podemos confundir 'doação legal' com 'propina', como estão tentando fazer alguns meios de comunicação."